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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Agora a Libia!!

 Infelizmente a Libia terá mais dificuldade de liberta-se da opreção ditatorial, mas espero que o povo da Libia não se entregue!!



O líder líbio Muammar Khadafi garantiu ontem que não vai sucumbir aos protestos dos milhares de manifestantes que clamam pelo fim do regime nem render-se às pressões internacionais para abandonar o poder. Sem um cargo ou título oficial do qual se demitir, o "guia da revolução" e do Estado das massas, prometeu resistir "até à última gota de sangue" e, no fim, morrer como um mártir.

Após mais uma noite de terror na capital, Trípoli, Khadafi apresentou-se para uma declaração ao país, emitida (não se sabe se em directo) a partir do quartel Bab al-Azizia, bombardeado pelos Estados Unidos em 1986.

Na sua surpreendente e incoerente exibição televisiva, demonstrou como é, neste momento, um homem de- sesperado e ultrapassado pelos acontecimentos. Manifestamente, o seu regime de 42 anos está em desintegração, com o aparelho de Estado des- membrado, o Exército em debandada e vastas áreas do país nas mãos dos revoltosos.

Indiferente à realidade, Khadafi deixou claro o seu desprezo pelos ma- nifestantes, exclamando "que se da- nem" aqueles cujo objectivo é deses- tabilizar o país. São, nas suas palavras, "cobardes", "traidores", "drogados", "que querem imitar os manifestantes da Tunísia e do Egipto e transformar a Líbia num estado islâmico".

Intransigente e desafiador, o coronel chamou os seus apoiantes para a rua e ameaçou os revoltosos com a pena de morte. "Quem usar a força contra a autoridade do Estado será condenado à morte. Quem amar Muammar Khadafi deverá defender as ruas da Líbia", declarou.

A reacção do regime aos protestos populares que há mais de uma semana se espalham pela Líbia tem sido de grande violência: Khadafi não hesitou em mobilizar caças para bombardear os manifestantes, que foram também sujeitos a rajadas de helicópteros. Tanques de guerra bloquearam a circulação, impedindo o transporte de feridos para os hospitais.

Grupos de mercenários descritos como "africanos que falam francês" juntaram-se às milícias pró-regime - os "comités revolucionários", um dos pilares do poder de Khadafi - para espalhar o terror pelas ruas de Trípoli. Testemunhas dão conta de tiros indiscriminados, espancamentos e intimidação generalizada.

"Assisti a um massacre anteontem à noite e outro no dia anterior, bem no centro de Trípoli", disse uma mulher de 40 anos, citada sob anonimato pela AFP, depois de passar a fronteira pa- ra a Tunísia. "No meio da manifesta-?ção apareceram os apoiantes de Khadafi, a atirar em todas as direcções. Eram só tiros e gritos. Uns disparavam na rua, outros de cima dos edifícios. E havia outros com espadas", contou.

Dos bairros de Fachloum e Tajoura saíram relatos de tiroteios constantes. Youssef Benhassan, um operário de 28 anos, disse que os membros dos comités revolucionários, envergando lenços verdes na cabeça, chegaram ao subúrbio de Janzour e começaram a atirar sobre "toda a gente que estava na rua". "É um filme de terror", resumiu à AFP.

Khadafi assegurou que ninguém estava a actuar sob as suas instruções. "Ainda não dei ordens para o uso de balas", declarou, insinuando porém que a sua paciência com os protestos estava esgotada e que "ainda esta noite ou amanhã" mandaria avançar uma operação para "limpar a Líbia" de revoltosos. "Desta vez não seremos indulgentes e misericordiosos", avisou.

Os relatos de Trípoli são de uma ci- dade-fantasma, com as pessoas presas em casa, as escolas e o comércio fechado. Nas ruas há automóveis incendiados, vidros partidos, lixo e cadáveres no chão. A contabilidade das vítimas é impossível: a Coligação Internacional contra Criminosos de Guerra reportou ontem 519 mortos, 3980 feridos e pelo menos 1500 desaparecidos desde o início dos protestos, na semana passada. Números oficiais apontam 300 mortos, entre os quais 58 soldados.

A desintegração do Governo prosseguiu ontem, com o ministro do Interior, Abdel Fattah al Abidi, a resignar em "apoio à revolução de 17 de Fevereiro". O dirigente, responsável pela segurança, instou o Exército e a população a apoiarem as "legítimas aspirações" dos manifestantes.

No exterior, os representantes do regime continuaram a desmobilizar. O embaixador da Líbia nos Estados Unidos, Ali Aujali, demitiu-se explicando que, "em consciência, não podia mais servir o regime ditatorial" de Khadafi. Em Nova Iorque, o número dois da missão líbia junto da ONU, Ibrahim al-Dabashi, caracterizou a violência na Líbia como um "genocídio". Também Nouri al-Mismari, chefe de protocolo de Khadafi, denunciou o líder e estimou a sua queda iminente.

No Exército abundam as deserções. "Toda a Região Leste está fora do controlo de Khadafi. A população e o Exército andam de mão em mão", informou à Reuters o major Hany Saad Marjaa, um dos amotinados. Além de Bengasi, o berço da revolta, os manifestantes tomaram a cidade de Tobruk. De acordo com a Reuters, a população estava a organizar-se para dirigir o trânsito, limpar as ruas e defender a cidade contra mercenários. "Quando os soldados se recusaram a disparar sobre os seus concidadãos, os mercenários começaram a queimá-los vivos", contou Mouftah Al Areydi, pelo telefone.

 




Os soldados não respondem às hierarquias, mas também não dão sinais de obediência ao influente teólogo do Qatar, sheik Youssef Al-Qardaoui, que ordenou uma fatwa contra Khadafi, sublinhando que o Exército líbio tem obrigação de assassinar o ditador.

A fronteira com o Egipto tornou-se território de ninguém. Foi por lá que passou o jornalista da CNN Ben Wedeman, o primeiro repórter inter- nacional a entrar na Líbia. "Não havia soldados, não havia controlo de passaporte, não havia alfândega", descreveu.

A oeste, na fronteira com a Tunísia, o movimento é frenético, com milhares de pessoas a tentarem abandonar o país. Muitos foram vítimas de assalto no caminho, ora de gangs armados, ora de milícias pró-Khadafi - uma cena que se repetia na estrada de acesso ao aeroporto de Trípoli, onde milhares esperavam ontem uma oportunidade para fugir.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Povo do Egito comemora o fim da ditadura Mubarak

Povo do Egito comemora o fim da ditadura Mubarak

11/2/2011 14:39,  Por Redação, com agências internacionais - do Cairo
Manifestante egípcio comemora o fim da ditadura de 30 anos
Manifestante egípcio comemora o fim da ditadura de 30 anos
O período de 30 anos do governo do presidente do Egito, Hosni Mubarak, chega ao fim nesta sexta-feira. Após quase 20 dias de intensos protestos, principalmente na Capital, Cairo, Mubarak anunciou que está renunciando ao cargo. A informação foi levada à público pelo vice-presidente Omar Suleiman, em declaração à TV estatal. Esta é a segunda ditadura do mundo árabe que cai em menos de um mês. Antes, protestos populares levaram à queda do presidente da Tunísia, Zine el Abidine Ben Ali, que acabou abandonando o país. Além do Egito e Tunísia, Mauritânia, Argélia e Jordânia passam por protestos semelhantes. Um dia antes de renunciar, Mubarak fizera um pronunciamento descartando a renúncia, mas não resistiu às pressões populares.
Logo após o anúncio da renúncia, a Praça Tahrir, no Cairo, epicentro dos protestos, reuniu centenas de pessoas que comemoravam a queda do ditador. Muitas pessoas gritavam palavras de ordem como: “O povo derrubou o regime!”. Apesar de ter alguma tradição democrática, o Egito teve apenas três governantes desde 1954: o primeiro deles foi Gamal Abdel Nasser, cujo governo ficou caracterizado pela aproximação com a União Soviética e pelas guerras com Israel. Nasser morreu em 1970, ainda no poder.
No início da década de 70, quem assume é Anwar al-Sadat, que firmou o acordo de Camp David, com Israel e pôs fim às animosidades entre os países. Foi também sobre sua gestão que o Egito recebeu de volta a Península do Sinai, tomada por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Sadat foi assassinado por extremistas. Coube, então, ao seu vice na época, Hosni Mubarak, assumir o poder para preparar o país para eleições “em no máximo seis anos”. Os seis anos passaram, bem como décadas e Mubarak permaneceu no poder.
Agora, com a saída de Hosni, Egito prepara-se para novas eleições em décadas. O grande temor da comunidade internacional, principalmente líderes do Ocidente, como os Estados Unidos, é que a Irmandade Muçulmana – grupo islâmico político – saia da ilegalidade e tenha um papel mais preponderante na história política do país daqui para a frente.