Vamos Conversar?

Pesquisar este blog

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Começando a entender!

Voltando ao assunto do Impeachment da Presidenta Dilma, que fora cassada por causa das "Pedaladas Fiscais", onde uma ação aparentemente administrativa, que, muitos Economistas do Lar executam cotidianamente para poderem equilibrar seus ganhos e suas obrigações, acabam por derrubar alguém do cargo de Presidente da republica.

Entre os discursos de legalidade e golpe que cercam este caso, entra no assunto que o Então Presidente Temer, ao ser denunciado por duas vezes, sequer teve aprovação do congresso para que permitissem as investigações.

Para entender meu raciocino, sempre em construção, é preciso saber que vivemos em um País organizado no principio do Liberalismo. Ou seja, toda a nossa organização Politica, Econômica e Social estão pautadas em bases Liberais.

Por tanto, a Dilma quando investigada e cassada de seu cargo, estes parâmetros Liberais guiavam-se nas teoria de Locke. Todo o processo que permitiu a investigação das Irregulares Pedaladas, e sua sumaria condenação por maioria do Parlamento, segue a premissa do entendimento de John Locke sobre a formação do Estado Politico e seu papel na organização da humanidade.

Para Locke o Estado é o mau necessário para assegurar ou defender a propriedade (Vida, Liberdade e Bens), e também regular os conflitos existentes no Estado de Natureza. E deste modo, todos os "Homens", formam um Pacto, concedendo ao estado este poder de juridição e regulação. Onde formulam as leis que regem o Estado Politico, e, portanto, todos estão regulados por estas leis.
A Dilma então, foi investigada e condenada por ter cometido uma irregularidade, que mesmo ela sendo a chefe maior do Estado Politico, não pode estar acima das leis compactuadas entre os homens, que podem mudar sempre que pensarem ser necessária, para defender a Liberdade em seu Estado de Natureza. Ou seja, a Dilma não esta acima das Leis e por isso deveria ter a seguida, e a sua não execução ou submissão, fora removida do cargo para que outro assumisse e mantivesse a logica do Estado como Defensor da Propriedade e Regulador de Conflitos.

Por outro lado, o seu sucessor no cargo de Presidente, teve varias denuncias de irregularidade, dois pedidos de permissão de investigação de denuncias negadas pelo congresso e as pessoas não conseguem entender como isso é possível. Pois, se comparando com a entecadora, o mesmo deveria ter sido investigado e caçado.

O problema é que o Temer esta sendo regulado ou embasado na condução do Estado Politico nas teorias do Thomas Hobes. E por tanto é justificável que o mesmo esteja acima das Leis e podendo realizar todas as reformas e transformações que julga serem corretas, mesmo que a maioria da população esteja em desacordo.

Pois, para Hobes, os "Homens" em Estado de Natureza, vivem em guerra permanente, uns contra os outros, necessitando assim, a criação do Estado. Onde estes "homens" irão entregar suas liberdades em troca da paz ou de viver em paz. Ao entregar as suas liberdades no Pacto de todos na criação do Grande Estado, sendo este o detentor da Liberdade de todos e por tanto, se tornando o único realmente livre. Por isso, o mesmo por ser o único livre e detentor do poder absoluto, pode, e, está acima das leis. Pois as Leis servem para regular as vidas dos "homens" que abriram mão de suas liberdades. Este grande "Leviatã", pode em nome do Estado e da sua defesa fazer o que bem quiser, mesmo que isso seja ilegal, para que em nome do pactuamento dos "homens" faça tudo que é necessário para manter a Ordem..
Ou seja, para manter a ordem, e realizar as manobras que o Temer e seus aliados pensam serem necessário mara a manutenção do Estado Brasileiro, eles podem e estão acima das leis, mesmo que cumpram os ritos processuais para aprovações de suas reformas que são contrarias as vontades das maiorias. ao elegermos estes para nos representar no Executivo e Legislativo, abrimos mão de nossas vontades para que os mesmo sigam as suas próprias ambições acima de qualquer lei ou vontade aleia. Pois, os mesmos estão acima desta lei e por deterem nossa Liberdade, estão eles livres para fazerem o que "bem" quiserem.

Para concluir,

Estando a Dilma submetida a Lei conforme a teoria do Locke, justifica a mesma ter sido Cassada por ter feito as Pedaladas Fiscais. Por outro lado, o Temer como o Grande Leviatã  do Hobes, o mesmo esta acima das leis podendo desta forma realizar conjuntamente com seus apoiadores o que quiserem na manutenção do Estado Politico.

Entendeu?


Este é um exercício filosófico, sobre o que esta acontecendo neste nosso Brasil de aspirações Liberais, onde as decisões são feitas sobre as interpretações não possíveis, mas sim as convenientes para aqueles que estão na direção do Estado. E trabalham as teorias conforme lhes convêm. Digo que é um execício, pois o mesmo é uma ironia do que aconteceu no Golpe que muitos ainda não enxergaram.


Christian de Souza

Dias que passam rápido!

Tem sido bem corrido este ultimo período, pois mesmo desempregado as tarefas são grandes. Fico em casa cuidando das crianças e tentando estudar quando consigo. Quem disse que a vida ou a lida domestica é fácil não sabe o que é cuidar de três filhos, três cachorros etc e tal...

Por isso não tenho postado por aqui....

Mas isso acontece comigo de tempo em tempo... alguns períodos escrevo e me sinto a vontade para tal, e outros não tenho vontade de nem abrir as caixas de diálogos... E não é falta de ideias ou formulações, e falta de vontade mesmo.

Minha ultima postagem foi em setembro, logo apos ter saído da empresa que eu estava trabalhando, por isso eu digo que os dias passam rápido de mais. Um estalo de dedos, e já estaremos em dezembro.

E logo, logo estaremos no final de ano, e 2018, e a copa do Mundo e as eleições....

Minha nossa...


sexta-feira, 8 de setembro de 2017

350 é valor da tua Segurança, Saúde e Segurança!

Abaixo, texto que postei no face dia 31 de agosto deste ano, onde desabafo sobre a primeira parcela do salario dos servidores estaduais.

350
Esse é o valor da tua Segurança, este é o valor da tua Educação, este é o valor que vale o servidor publico estadual no Rio Grande do Sul.
Mais uma vez o Professor, o Policial, o servidor da Saúde, entre outros tiveram seus salários parcelados. E desta vez a primeira parcela paga pelo o Sr Governador foi no valor de R$ 350,00.
Tu pede mais segurança nas ruas que estão tomadas por assaltantes, e o teu policial esta recebendo R$ 350,00 de salário referente a primeira parcela do já defasado salario.
Tu queres saber o pq teus filhos estão sem escola e pede mais Educação para o Sr. Governador pagar apenas R$ 350,00 de salario para quem deveria receber o mais alto salário do Brasil.
Queres saber pq tem tanto bandido nas ruas? Pergunta para o Professor, para o Policial para Médico do Sistema publico quanto eles receberão de salário? e se o mesmo foi pago na integra? ou se foi parcelado?
Tu chama o Professor que faz greve de vagabundo, mas tu não trabalharia em regime de 60hs semanais, fora todo o trabalho que se faz nos fim de semana e feriados com correções de provas e preparação de aulas com os salários e com a estrutura que os professores da rede publica em vários locais do nosso estado trabalham diariamente.
Enquanto tu fica ai criticando tudo, em nome de um ódio crescente ao partido este ou politico aquele, mas mantem no poder aqueles que visam somente o desmantelamento do estado, precarizando a saúde, a segurança e a educação, te tornas cúmplice desta barbárie que tu tanto reclama.
Reproduz o que a mídia te programa a falar e a pensar, achando que bandido bom é morto, e critica a greve dos Médicos, Professores, as operações mais lentas dos policias que certamente não querem tomar tiro, pois querem voltar para casa e poderem abraçar seus filhos.
Enquanto não houver a devida valorização dos profissionais da Segurança, da Saúde e da Educação, a criminalidade só aumentará e de nada vai adiantar sair por ai mantando bandido, pois a cada um que matares dois surgirão, pois se o estado não gera condições de desenvolvimento humano para a sociedade e seus indivíduos os mesmos serão seduzidos por aqueles que mostram a facilidade de se arrumar dinheiro através do assalto.
Ficas ai defendendo a Escola sem Partido que tem clara posição ideológica e forte posicionamento de barrar o senso critico de uma sociedade já tão pacifica e domesticada. ficas ai achando que a solução é privatizar tudo, pois na iniciativa privada as coisas vão funcionar... igual como funciona a telefonia né... Ficas ai dizendo que odeia politica, que políticos são tudo sem vergonha, repudias e difama cidadão que discute politica e não percebes que da tua ignorância é que mantem os mesmos que já estão nos bastidores do poder sujo e oportunista do nossa Brasil, se utilizando de toda a forma de cooptação como sopão, sacolas econômicas, material de obra e desta forma te mantem a cabresto votando neles ou nos que os seguem para se manterem no poder roubando cada vez mais e para tentar corrigir o país cortam direitos dos trabalhadores que já vendem barato sua força de trabalho, cortam nosso direito de nos aposentar, cortam e parcelam salários de professores, Servidores da Saúde e da Segurança.
Pensem.... pensem.... 350 é o numero, é o valor que foi pago!!! E o que tu tem haver com isso? Quando tu for assaltado por um jovem que deveria estar na escola, eu te responderei o que tu tens haver com isso.

Existe cultura no Transporte Coletivo?

Abaixo, trabalho que apresentei à disciplina de Antropologia I, onde fiz o Exercício etnográfico focando nos ônibus do Bairro Laranjal.
Mesmo sendo algo ainda muito amador, acredito ter feito um bom trabalho, e que me rendeu nota máxima no trabalho, tanto apresentação, quanto conteúdo.





UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Instituto de Filosofia, Sociologia e Politica
Curso de Licenciatura em Ciências Sociais

 




Pesquisa Etnográfica para a Disciplina de Antropologia I





Existe cultura no Transporte Coletivo?






christian de souza








Pelotas, 1º de agosto de 2017












Existe cultura no Transporte Coletivo?






Pesquisa Etnográfica que será apresentada ao 
Curso de Ciências Sociais, Disciplina de Antropologia I, 
Universidade Federal de Pelotas, como requisito de 
apresentação de tarefa proposta, para avaliação da Disciplina.




Professor: Lori Altmann










FICHA CATALOGRÁFICA

SOUZA, Christian

Existe cultura no Transporte Coletivo? – Pelotas, 2017.

Nº de páginas: 12

Orientador: Lori Altmann

Trabalho para ser entregue como tarefa – Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Filosofia, Sociologia e Politica.

1.     Etnografia; 2. Pesquisa; 3. Transporte Urbano.
 

















APRESENTAÇÃO

              O presente trabalho de pesquisa tem como objetivo principal, o de apresentarmos na disciplina de Antropologia I do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pelotas.·.

              A ideia inicial deste trabalho é o de pesquisar A CULTURA de quem utiliza o transporte público e coletivo para se locomover, nos diversos destinos, tentando verificar se esta atividade pode ser classificada como um ponto de cultura e se podemos desta forma estabelecer alguma relação comunitária nesta ação.
             
              Como não disponho de tempo hábil para realizar tarefas de campo, devido ao fato de exercer uma jornada tripla, divididas em tarefas realizadas na empresa que trabalho, em casa e na faculdade, acabei optando por tentar verificar se existe alguma ligação que podemos analisar durante o trajeto que percorro diariamente entre a Faculdade e a minha Residência.

              Os relatos que serão aqui colocados usarão de nomes fictícios, uma vez que não obtive a devida autorização para realizar tal tarefa. Parto da ideia de primeiramente observar com um caráter investigativo os hábitos e a forma que as ocorrências aconteciam.
             
              Somente em um segundo momento, acabei interagindo com algumas pessoas no intuito de perceber seus anseios e daí chegar às devidas conclusões deste estudo.


1     Introdução

 

              O presente trabalho tem como obgetivo o de tentar investigar se os usuarios do Transporte coletivo¹ podem ou não formarem uma comunidade, e que tipo de comunidade a mesma seria. Com intuito de analizar utilizando de ferramentas aprendidas na literatura etinograficas, parto do principios de observar somente um determinado periodo, do qual por motivos que mostrarei adiante se tornam obvios.
              Os usuarios do transposte coletivo que tem origens diversas, acabam de alguma forma e em algum momento do dia, utilizando-se dos ônibus como forma de locomoção. No entanto, este trabalho quer ultrapassar a barreira de que este é só mais uma etapa do cotidianos destas pessoas e tentar verificar a existencia de convivio comunitario ou formação de cultura.
              Minha pesquisa, mesmo que pareça superficial, ela pode apresentar uma nova pespectiva de percebemos este momento que trabalhadores, estudantes e outros vivenciam diariamente.
              Foquei minha analise no periodo da noite, mais precisamente nos horarios que compreendem das vinte e uma horas às vinte e duas horas e trinta minutos. A linha esolhida foi a que transporta passageiros do centro de Pelotas para o Bairro Laranjal.
              O motivo de utilizar este periodo e este intinerario, é justamento por ser o que eu utilizo diariamente quando saio da Universidade, pois seria este o único momento que disponho em minha jornada que chamo de tripla, para realizar a pesquisa de campo.
              Claro, que não foi escolhido ao acaso, pois a muito tempo reflito sobre o que passas na cabeça de cada um neste momento em que estão no transporte coletivo, o que pensam, o que imaginam, quais os planos e quais os principais temores.
              Desta forma uni a minha já existente curiosidade, com a tarefa de realizar o presente trabalho para a apresentação.
              Tentarei, ainda que de forma amadora utilizar os conhecimentos aprendidos nos textos de Clifford Geertz², que defende a necessidade de se realizar uma descrição densa para que eu possa descrever os valores quantitativos, qualitativos, sonoros e visuais.


2            DO LOCAL


              Diferente de local de moradia ou de permancia de um povo ou comunidade, o local pesquisado trata-se um um espaço de transição de diferentes origens para destinos também diversos. Mas mesmo sendo um local de transição é possivel realizar a descrição detalhada do mesmo.
              Com a nova regra do transporte coletivo de Pelotas baseado na ultima licitação, os veiculos seguem o mesmo padrão. Todos os passageiros entram pela porta da frente, que fica proximo ao motorista que controla o “embarque”³. Ainda nesta parte considerada  frontal do ônibus localizam-se em media de sete a nove acentos, que normalmente ficam reservados a gestantes, idosos e portadores de alguma deficiencia. Os demais passageiros utrapassam a catraca, onde esta localizada o acento do cobrador do coletivo. Alguns coletivos dispoe de local para caderante e nestes casos as portas para saida dos passageiros se localizam no centro dos coletivos. Os demais coletivos a porta de saida fica na parte traseira do veiculo.
              As portas, indiferentes de qual que seja, ficam localizados no lado direito de quem olha por trás do veiculo4. Neste mesmo lado é onde fica localizado o cobrador. O motorista por sua vez fica ao lado esquerdo. Os acentos ficam dispostos de dois em dois de cada lado de um corredor central. As cores predominantes são o cinza, amarelo e  azul.


3            DAS ANALISES


              Primeiramente, fiz uma analise do comportamento, tentando perceber  costumes similares dos diversos usuarios do transporte coletivo. Mesmo tendo as mais diversas origens, e perceptivel alguns rituais que condizem com a tese  de  haver  uma forma de cultura ou comunidade que envolve a todos neste momento.
              As pessoas costumam na maioria ocuparem os mais diversos acentos, optando pelo lado da janela e deixando o acento dos corredores vagos. Mesmo quando as pessoas interagem, elas acabam sentando em acentos separados. Quando as mesmas são da mesma familia, ou então em alguns casos mais especificos acabam sentando lado-a-lado para manter um dialogo  mais concistente.
              Tem grupos que interagem muito com o cobrador e com motoristas. É possivel perceber que existe conhecimento fora do ambiente do trasnporte. No entanto é perceptivel o isolamento de alguns individuos.
              Uma coisa que percebi no primeiro dia (noite) de pesquisa é que poucas pessoas utilizavam celurares de foma visivel. Ou seja, algo que hoje é comum em todos os ambientes, neste em especifico o percentual era quase inexistente.
              Minha primeira noite de observação se deu no dia vinte e oito de junho, peguei o onibus que saiu da Galeria do Laranjal5, eram vinte duas horas e trinta minutos. O ônibus com quase todos os acentos preechidos. Fiquei meio apreensivo, pois a comunicação dentro do coletivo era quase minima, oque me remetia a desistir de fazer esta analise. Pois neste momento não havia a minima forma de existir uma cultura ou algo que podesse perceber a existencia de um tipo de costume. Mesmo assim continuei a analisar.
                       Com o olhar investigativo, me pus a cuidar toda a movimentação dos passageiros. Neste momento percebi que poucos usavam o celular e os que usavam, o faziam de forma mais comedida ou discreta.
              Conforme o ônibus percorria seu trageto, pessoas subiam ou desciam do mesmo e esta caracteristica de dialogos comedidos e pouco uso de celular se mantiam.
              Ao tempo que realizei esta analise, peguei este mesmo horario mais algumas vezes, e muito pouco de alterações eram percebidas.
              Certa vez6, eu perdi o ônibus deste horario, tive que esperar o proximo que era somente pós vinte três horas. Nesta noite acabei conversando com outra pessoa que aqui irei chamar de João, que me explicava sua rotina e seus temores. Percebi que neste horario, com bem menos passageiros o silencio era algo incrivel. A cada embarque ou desembarque do coletivo todos olhavam ao mesmo tempo para tentar identificar quem subia ou descia do ônibus. Parecia que todos estavam também realisando a minha pesquisa.
              Só compreendi esta situação, quando passei a pegar ônibus em horários em torno das vinte e uma horas. As pessoas estavam mais descontraidas, a utilização de celulares eram mais visiveis, era possivel escutar risadas e muito mais interassões entre todos dentro do onibus.
              Sábado, dia quinze de julho, peguei o ônibus com sentido inverso, ou seja, com saida do bairro e destinado ao centro. Eram oito horas da manhã. Precisava analisar com outros olhos e outros horarios para confirmar minhas suspeitas. O ônibus com certa lotação, havendo pessoas em pé, pois todos os acentos estavam ocupados. Mas a interação era grande, e a grande maioria estavam com celulares nas mãos. Ouve um momento que até foto foi feita, umas mulheres que estavam juntas conversando, duas sentadas e outras em pé registraram imagens, talves para postar em alguma rede social aquele momento.
              Algo que não fazia parte da minha pesquisa, mas me chamou a atenção foi quando alguns homens precisavam se deslocar por entre as demais pessoas para poder descer do ônibus. Mesmo não me parecendo haver por parte destes senhores malicia, percebi que as mulheres em sua totalidade arredavam-se mais do que no momento da passagem de outras mulheres. Não preciso detalhar mais, acredito que todos que lerem este trecho saberão o que aconteceu e as devidas motivações.
              Voltando então para a pesquisa, minhas compreenção da realidade social recorrente no transporte publico tomava corpo e me remetia, mesmo que de forma ainda muito superficial visto que não tratava de um estudo estatistico, à existencia de algo de concistente na pesquisa ou neste campo pesquisado.
              Outras percepções que fora anotadas no meu emprovisado diarios de campo, foi quanto aos odores do local. Em um determinado ponto do trageto subia ou embarcavam no coletivo mulhres que era facilmente perceptivel tratarem se de pessoas que trabalhavam com alimentação, visto que o cheiro de fritura propagava no ar. Outro cheiro que me chamou a atenção, foi na noite que peguei o ônibus mais tarde, dois rapazes que embarcaram juntamente comigo no ponto inicial (Galeria do Laranjal), e que acabaram sentando-se no acentro atrás do meu, isalavam cheiro de bebida alcolica. Outro cheiro que percebi uma única noite, e este eu não anotei em qual ocasião, foi o cheiro de cloro de uma senhora negra.
             
4            DOS RELATOS

              Durante esta minha pesquisa conversei mais significativamente com três pessoas. Uma mulher e dois homens, que confirmam e explicam as minhas colocações e observações já colocadas neste presente trabalho.

              1° - Transcrevo neste momento o relato realizado por João (nome ficticio como já explique anteriomente), que me fez quando ainda estavamos esperando o ônibus que saia da Galeria Do Laranjal por voltas das vinte três horas. O mesmo me relatou que certa vez no mesmo horario dois homens em uma moto passaram bem devagar pelo local, fizeram a volta na quadra e assim que retornaram ao local efetuaram um assalto coletivo. “Devia ter umas quinze pessoas no horario” e mesmo elas não estando concentradas, os homens abordaram uma a um com muita “agilidade levando celulares e dinheiros de todos aqui se encontravam”. Este mesmo rapaz que aqui estou chamando de João, me relatou certa vez que o onibus estava em uma rua perpendicular aguardadndo o horario de seu correto posicionamento e foram supreendidos por outros dois homens de moto que adentraram  coletivo que estava vazio, ou praticamente vazio uma vez que no local havia somente o motorista e o cobrador e alem de seus pertenses pessoais, como celular, relogio, carteiras e outros, levaram também o pouco dinheiro que havia com o cobrador referente a arrecadação ou troco de trabalho. “A cada moto ou bicicleta que se aproximava mais assustador fica o relato do João”.
              2° - O segundo relato é da Maria7, ela uma adolescente que desceu no mesmo ponto de ônibus que eu. Não perguntei idade e nem outros detalhes para não ser invasivo. Falou que tem medo do horario, mas que esta acostumada, relatou que nunca foi assaltada, no entanto já escutou varias historias de amigos e conhecidos que fora assaltado na Galeria ou então ao descer do ônibus. Não costuma usar o celular na rua para não chamar a atenção e não carrega com ela nenhum documento desnecêssario com a prerrogativa de temer o assalto.
              3° - Este relato é incrivel, pois o senhor de pouco mais de cinquenta anos que chamarei aqui de Pedro8, desceveu com certo detalhe sua experiência. Em um certo dia que estava fazendo este mesmo trageto. Acabei não anotando no momento e acabei esquecendo o horário que ocorrerá sua experiência. O mesmo disse que vinha até que tranquilo no interior do ônibus, quando um passageiro deu o sinal para descer no ponto que fica na cabeceira da ponte sobre o Arroio Pelotas que é ponto de referencia como marco divisor do Bairro Laranjal do restante da cidade. O motorista obviamente parou o coletivo no local para alem de supostamente descer o passageiro, mas também para fazer o embarque de outro que estaria no local. Tão logo este subiu no ônibus, anunciou o assalto, e o passageiro que estava pronto para descer também sacou a arma e anunciou conjuntamente o assalto, onde foram levado varios pertenses dos passageiros que entre outras coisas os celulares dos mesmos. Ambos desceram do ônibus e pegaram a moto que estava por ali escondida e fugiram na contramão.

5            CONCLUSÃO

A experiência social humana consiste da apropriação de objetos de percepção por conceitos gerais: uma ordenação de homens e dos objetos de sua existência que nunca será a única é possível, mas que, nesse sentido, é arbitrária e histórica. (SAHLINS, 1990, p. 181)

              Pego esta passagem do texto do Marshall Sahlins9, para tentar justificar em parte o intrumento de minha pesquisa. Tento perceber atraves de uma analise criteriosa, investigar se existe uma apropriação historica na construção de uma cultura neste espaço que compreende o vai e vem do transporte coletivo. Para de alguma forma demosntrar que a questão da constituição de cultura não perpasa tão somente por povos e comunidades, mas parte da percepção que precisamos ter que cultura esta em toda a parte.
              Nesta minha pesquisa, mesmo que feita ainda de forma amadora, e com pouco tempo de observação, percebo que existe no transporte coletivo a formação de cultura o que comprova a minha pergunta inicial. No entanto, podemos classificar a formação de cultura como algo em constante construção, e que pode ser de comunidade fixa, em caso de povo ou territorio, mas também cultura de transição, onde os diversos individuos que em um determinado momento viverem a mesma experiencia constitue uma só comunidade.
              Em minha observação percebo que no momento que os individuos estão dentro do ônibus, convivem com os mesmos anceios e medos. Anceio de chegar em seu destino de forma rapida, usando este tempo para estudar, para interagir, descansar. Dividem do mesmo medo, o do assalto, do atraso, da integridade fisica.
              Classifico está comunidade como Cultura de Transição, pois os mais diversos individuos, das mais diversas origens, em um dado momento compartilham dos mesmos sentimentos o que a colocam no mesmo patamar de igualdade. Neste curto espaço de tempo de convivencia não importa se tens ou não dinheiro, pode até não simpatizar com a pessoa ao lado, mas estão vivenciando a mesma experiencia, claro, cada um com sua bagagem de experiencia das mutiplas culturas que vivenciam diariamente.

A etnografia é mais do que um conjunto de métodos, técnicas de coleta de dados, procedimentos de análise ou descrição de narrativas. É uma abordagem sistemática, teoricamente orientada para o estudo da vida diária de um grupo social, e que envolve uma fase de planejamento, uma fase de descoberta e uma terceira fase de apresentação dos resultados. (Zarharlick e Green, 1991, p3).

              Baseado nesta citação acredito que mesmo com a minha pequena experiência, e com o campo de pesquisa escolhido, tenha conseguido de alguma forma desenvolver esta analise e observação com bastante sucesso, e penso que pode até ser um ponto de partida para estudos mais detalhados sobre a Cultura de Transição que cheguei à conclusão existir.



NOTAS

       1                                                                                                                                                                                 Entende-se ônibus e coletivo como o mesmo objeto da pesquisa
2      Clifford Geetz, em A Intepretação da Cultura no capitulo 1 na pág. 13.
3      Linguagem muito utilizada nos transportes coletivos que simboliza ou descreve a entrada dos passageiros no veículo.
4      Conforme linguagem utilizada por profissionais em veículos, a descrição de lado sempre é determinada olhando de trás para frente ou pela visão do condutor/motorista.
5      Galeria do Laranjal é como conhecemos o local de ponto de partida dos ônibus com destino ao Bairro Laranjal
6      Por não lembrar a data da ocorrência, mas lembro de que a aula foi até mais tarde, me levando a perder o ônibus.
7      Nome fictício dado à mulher com quem conversei.
8      Nome fictício ao qual identifico o terceiro relator de sua experiência.
9      Marshall David Sahlins é um antropólogo dos Estados Unidos. Recebeu os títulos de bacharel e de mestre pela Universidade de Michigan.




REFERÊNCIAS

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

SAHLINS, M. Ilhas de História. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1990.

ZARHARLICK, A.; GREEN, J. Pesquisa etnográfica. Em: FLOOD, J. et al. (Eds.). Manual De Pesquisa no ensino das artes da língua inglesa. Nova Iorque: Macmillan, 1991.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A LUTA DO SÉCULO!

Todos os noticiários foram taxativos em classificar o confronto entre Floyd Mayweather e Conor McGregor que ocorreu neste ultimo fim de semana como a Luta do Século. Não só por causa do embate que se daria no ringue, mas pelo alto valor gasto e arrecadado neste evento esportivo.

Não sei mensurar a quantidade pessoas que acompanharam esta luta, pois escutei falar da mesma em todo o lugar, entendendo assim que todos ou assistiram a luta ou assim como eu, leram sobre a mesma.

Resultado de imagem para imagens de pobreza extrema
  Kevin Carter, registrada em 93 no Sudão
O que mais me surpreende é denominar duas pessoas que representam todo um aparato econômico especulativo se agredindo como Luta do Século. Enquanto centenas de milhares de crianças nos mais diversos locais do mundo lutam dia a dia para sobreviverem a miséria que receberam de herança. Vitimas de um sistema que visam o enriquecimento de uns poucos as custas da exploração de uma maioria.

Fome, violência, discriminação, são lutas diárias que centenas de refugiados de guerras em nome de Fé, Petróleo, Território entre outras , precisam enfrentar na busca de verem seus filhos crescerem, na tentativa quase utópica de serem livres.

Discriminação de gênero, raça orientação sexual, são lutas intermináveis que uma outra gama de pessoas precisam enfrentar para que possam de alguma forma buscarem sua condição de cidadão.

A Luta do trabalhadores, que vendem barato sua força de trabalho aos Imperialistas, capitalistas, que insistem na teoria da meritocracia e fragmentam cada vez mais nossa sociedade já tão calejada das duras batalhas da vida. Que nos vendem a busca em atacar a consequência ao invés da causa.

Me admira que ainda presenciamos como plebeus da Roma em um Coliseu, gladiadores lutando para nos distrair enquanto a miséria toma conta. Enquanto os Reis fazem o que querem é a população sem entender nada aplaude entusiasmada duas pessoas se agredindo fisicamente.

Não quero que deixes de gostar deste esporte, pois bem sei que ele acaba tirando muitos da miséria. Muitos destes atletas tem origem na pobresa. Mas visualizem a cena: Um ginásio totalmente lotado, os canais de televisão com audiências lá em cima, para ver dois seres humanos, racionais que passaram os últimos dias treinando exaustivamente para bater um na cara do outro. Sem objetivo, sem causa, pelo simples prazer de bater e apanhar, não por honra, mas por dinheiro, entretendo o povo que cegamente tem levado vários cruzados de direita no queixo e nem percebem que foram nocauteados.

Paramos atônicos, comovidos, emocionados com cada golpe desferido no adversário, loucos para ver o sangue escorrer como se a vitória de um deles pudesse libertar alguém do domínio de outro. Desculpe-me, mas me parece de uma incapacidade tal vibração, que confesso já ter compartilhado, que acabo me envergonhar de ser gente. Pois, não pode ser algo considerado normal todo o aparato desprendido para organizar uma luta de dois seres humanos por dinheiro e fama. Não é a toa que é mais fácil colocar uma criança em uma academia de luta que na escola, pois o poder financeiro, o deslumbramento tecido em tais competições relegam a uma total descrença dos jovens de buscarem a intelectualidade para garantir futuro.

Imagina que médicos, policiais, professores talvez trabalhando o ano inteiro salvando vidas, transformando vidas, consigam receber o que este dois e todos em seu entorno ganharam em um soquear a cara do outro.

Não adianta dizer Amem a cada final de oração para fazer uma realidade diferente, precisamos mais do que nunca buscar o entendimento e olharmos ao nosso redor para percebemos onde estão as verdadeiras Lutas dos Séculos.

Christian de Souza

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Rapidinhas Com Chris DS - Bolsas para quem merece!

Falavam horrores do Bolsa Família, saíram as ruas batendo panelas contra a Dilma. Votaram em deputados que apoiaram o golpe, e o temer mantiveram no poder, para que suas bolsas de emendas fossem aprovadas!

https://chris-ds.blogspot.com.br/




Rapidinhas com Chris DS

Esta de volta as minhas postagens chamadas de Rapidinhas. Pois, com o tempo dificultado por causa da minha rotina ou jornada tripla, acabo não tendo condições de escrever sobre tudo que gostaria.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Tatto de Henna e o Caráter

Fomos surpreendido com a manchete do Deputado que tatuou em seu ombro o nome do Temer e uma bandeira do Brasil.

As reações nas redes sociais foram as mais diversas e o tal ato do nobre representante do povo foi motivo de deboche entre outras coisas.

Para nos situarmos, este nobre deputado é o mesmo dos confetes no dia da votação do impeachment da Presidenta Dilma. É o mesmo que foi cassado em 2016. O mesmo que era o líder de apoio ao Cunha, mas votou pela sua cassação do ex presidente da Câmara.

Mas o mais surpreendente foi a noticia posterior, em que a suposta tatuagem era de henna. Ou seja, a mesma com o tempo desaparecera.

O Nobre alegou que realmente fez a tatto e que deu muito. E na tribuna no dia em que os deputados deveriam votar se autorizavam a investigação ou não do Temer, o mesmo votou a favor do mesmo alegando que o Temer é um homem serio e honesto.

Bem, eu sou um homem serio e honesto, não quer dizer que nunca tenha errado, mas não me negaria de ser devidamente investigado para que comprove esta minha idoneidade e ou que pudesse ser aponta erros para meu proprio crescimento.

Mas vamos ver o que vai dar tudo isso...

Este mesmo cidadão que era defensor do Cunha e que votou contra o mesmo, e que agora desenha em seu corpo o nome do Temer, pode ter assim como centenas de outros parlamentares um caráter semelhante o da Henna, pois com o tempo sua determinação ou posição ira apagar, e outra tomará seu lugar.

Se era de henna a tatoo, com o tempo saberemos, mas que o caráter de nossos representantes são como tatto de henna, com certeza são sim...

Viva os homens de famílias... e viva nos que somos homens e mulheres do Brasil...





quinta-feira, 27 de julho de 2017

Assembleia Geral na UFPEL

                           A UFPEL vem sofrendo com os cortes de verbas realizados constantemente pelo ilegítimo governo federal, e a atual reitoria tem agido de maneira a mascarar a real situação da universidade, sem adotar uma linha de contestação incisiva contra estes retrocessos. Por estes motivos, na próxima QUARTA-FEIRA (02/08/2017) estaremos realizando no Campus ANGLO às 9h00 e na Faculdade de DIREITO às 18h00 Assembleias para a comunidade da UFPel, a fim de esclarecer ao máximo a situação financeira da UFPEL e discutir sobre quais serão os próximos pontos a sofrerem cortes e reajustes.
                                  
                              Entendendo que a realização de duas Assembleias, uma pela manhã e outra à noite, possibilite que um maior número de estudantes compareça, contamos com a presença de todos! 

Convocam para a Assembleia da Comunidade
 conjuntamente DCE UFPEL Dias de Luta, ASUFPEL e ADUFPEL.



quarta-feira, 26 de julho de 2017

Maquiavel - Analise de um trecho do livro O Príncipe!

Referência   MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe (Trad. Antonio Caruccio-Caporale). Vol 110 São Paulo: L&PM Editores: Porto Alegre, 2017.
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe (Trad. Antonio Caruccio-Caporale).

Radicalismo x Sectárismo

          Este tema faz muito tempo que permeia os meus pensamentos e minhas posições no que refere-se fazer a defesa de minhas posições em debates etc e tal. 
          Não vou me aprofundar neste momento aqui, mas deixo já a reflexão de que uma coisa e ser Radical e outra é ser Sectário.
        
          Ser Radical não é ser intransigente, este radicalismo que o senso comum construiu nada tem haver com ser radical de verdade, pois ser radicar é ter a a capacidade de buscar sempre o maior conhecimento sobre uma questão a ponto de domina-la e defende-la munidos não só do idealismo, mas também de capacidade de argumentar e aprofundar estas questões. E é bem isso, aprofundar, buscar a raiz. Pois ser Radical é conseguir buscar a raiz, e ter a capacidade de ouvir, investigar, tentar entender todas as variações. Um Radical sempre saberá que a verdade não é absoluta, e esta busca constante do aperfeiçoamento de seus estudos é que o torna capaz de realizar as defesas Radicais de suas Ideias e de seus Ideais.

          Por sua vez o Sectário se acha dono da verdade. Entende que ele com o conhecimento que tem pode defender sua posição e impô-la aos demais a sua volta, com intuito sempre se separar os que concordam dos que discordam, tornando os que discordam uma espécie de inimigo. O Sectário sempre enxergara as questões sobre seu ponto de vista, e sempre irar taxar quem discorda de alguma forma como traidor ou utilizando de adjetivos diria eu até preconceituosos.
          O Sectário também tem conhecimento, mas o utiliza de forma autoritária, sempre achando que sua opinião é a que vale. Sua bandeira de luta sempre será a mais importante e sempre terá dificuldade de dialogar com o restante da sociedade, seus discursos sempre será mais voltados aos que lhe rodeiam do que a busca da construção coletiva de uma consciência livre e critica.

          Bem, como disse a ideia aqui é só introduzir este pensamento que permeia minha mente, e em outras ocasiões poderei aprofundar o assunto. Pois sim, sou Radical.

Meu diario - minhas notas

Como havia previsto, minha nota em Ciências Políticas não foi boa, tirei 5.3. Agora é foco em Maquiavel para melhorar isso. Mas em contra partida fiquei sabendo da nota de Sociologia, onde tirei 7,5 e Antropologia que tirei 9,5. Em Geografia tinha tirado 10 no trabalho que já postei aqui no blog. Mas vai começar agosto e vem tudo ao mesmo tempo... vamos ver o que vai dar.

domingo, 23 de julho de 2017

RESPOSTA A IDEIA DE FECHAR ALGUNS CURSOS PARA SALVAR A UFPEL

Outro dia foi divulgada a dificuldade que esta passando a UFPEL. Em parte podemos atribuir a PEC que cortou gastos em varias ares sociais, incluindo a Educação.
Algumas postagens e comentários nas redes sociais, algumas pessoas pregaram o fechamento dos cursos das Humanas. Abaixo segue a minha resposta.

RESPOSTA A IDEIA DE FECHAR 

A grande diferença existente nos alunos "doutrinados", como disseram alguns aqui, é que estudamos para buscar a compreensão da sociedade que vivemos, para não sair por ai falando de coisas que não conhecemos. Estes ditos doutrinados, irão sempre defender uma Universidade para todos, inclusive para aqueles que querem que nossos cursos sejam extintos.

Percebem a diferença?

Não vou falar por todos os alunos do CCHS (mas até poderia), mas acredito que a maioria defende uma Universidade plena, democrática, com qualidade, fomentadora de senso critico e de ampla participação. Independente de sua crença religiosa, sua etnia, opção sexual, gênero, classe.

Eu como estudante de Ciências Sociais da Ifisp - Ufpel, jamais irei defender o fechamento de qualquer que seja o curso, e defenderei inclusive a participação e os cursos destes mesmos que querem acabar com o meu. Nós estudantes das chamadas humanas (os doutrinados ideológicos), iremos buscar a união de todos (alunos, servidores, professores, comunidade) para defender a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), defender a educação e defender a tua presença nesta instituição. Seja qual for o tipo de luta, todos estarão de alguma forma buscando uma melhora continua dos processos. Pois, é o mínimo que a sociedade espera de futuros Cientistas Sociais, Cientistas Políticos, Historiadores, Antropólogos, Geólogos, Artistas, Educadores Filósofos, Sociólogos e todos os demais que foram atingidos por esta avaliação de que poderíamos ter os nossos cursos fechados.

Ao invés de vir aqui defender a segregação, já tão existente em nossa sociedade, vamos utilizar nossos tempos e capacidades para avaliar como a Universidade chegou nesta situação, o que esta proposta ou divulgação tem de realidade, e buscarmos uma saída para que se resolvam estas questões, sejam elas no âmbito administrativo, seja no âmbito Politico. Combater a crise com coragem e com a mente aberta para perceber quais são as reais intenções que estão nas entrelinhas deste fato. Vivemos em um País que precisa cada vez mais de capacitação intelectual, mas que insiste em formar somente seguidores de ordens estabelecidas.. Bem, fica aqui minha opinião, minha defesa, com a crença que a verdade nunca é absoluta e que precisamos construir as coisas, os fatos sociais usando termos que quem leu Durkheim e outros irão entender. Uma boa luta a todos!


Chris DS

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Célio Turino: “Falta-nos um Programa de Unidade Cidadã”

Gosto, mas nem sempre faço, de postar aqui artigos e ou textos de outros autores. Uma forma de compartilhar com os amigos aquilo que eu gosto de ler... Por isso segue abaixo uma excelente entrevista publicado primeiramente no Blog da Redação da Outras Palavras (clique aqui para ir ao original), da série Brasil: Como Virar a Página.

Mantive o formato original, por respeito a edição da mesma...


Célio Turino: “Falta-nos um Programa de Unidade Cidadã”

18470898_10155324293734594_1554001140_n
170516-celio-desenho
“Ou nos colocamos este desafio e o enfrentamos com a devida urgência, ou seguiremos nesta espiral negativa, em um labirinto de infelicidades, depressão e ódio.”
Por Célio Turino

Outras Palavras está indagando, a pessoas que pensam e lutam por Outro Brasil, que estratégias permitirão resgatar o país da crise (Leia a questão completa aqui e veja todas as respostas dos entrevistados aqui).
Programa, programa, falta-nos programa; e clareza para identificar os pontos cruciais; e coragem para executa-lo; e amplitude e organização e desprendimento para se unir em uma Frente Ampla e Cidadã. Ou nos colocamos este desafio e o enfrentamos com a devida urgência, ou o Brasil não irá virar a página e seguiremos nesta espiral negativa, em um labirinto de infelicidades, depressão e ódio.
Mas antes de mais nada, cabe reconhecer que a crise em que nós, brasileiros (em graus diferentes de responsabilidade), nos metemos, é crônica e aguda ao mesmo tempo. É uma crise profunda, resultado de injustiças, iniquidades, violência e roubos, praticada ao longo de séculos; é uma crise de ordem econômica, política, social, cultural, ética e moral. Para além de qualquer conjuntura e desvios éticos e morais de alguns, é uma crise sistêmica, e, se não for entendida como tal, não conseguiremos supera-la. Também não será possível superar esta crise mantendo no comando os mesmos de sempre, quem errou que pague pelos erros e seja afastado da condução do país, e que o povo seja ressarcido; mas este afastamento tem que ser em relação a todos os envolvidos, não podendo ser seletivo, como acontece até o momento, em que apenas um lado é punido e outros seguem poupados e até recompensados. Por isso não podemos nos deixar distrair com a espetacularização que está havendo no combate à corrupção e precisamos romper com este círculo vicioso de dominação por parte das oligarquias econômica, midiáticas, políticas e de corporações do Estado.
Não há tempo a perder, pois este um ano de Golpe demonstrou o quanto eles são atrevidos e violentos no desprezo à cidadania e o Estado de Exceção avança a passos largos.
Quem poderá romper este cerco? Só a solidariedade popular, construída de baixo para cima, em vínculos territoriais e identitários, constituídos a partir de uma Frente Ampla, Cidadã, unindo quem está disposto a lutar e a não se submeter a um novo ciclo de retrocessos e injustiças. Uma Frente com os poucos Partidos Políticos efetivamente comprometidos com o povo (ou com setores destes Partidos), com movimentos democráticos e populares, intelectuais, artistas e ativistas independentes, e, principalmente, com as pessoas do povo, comprometidas com o povo, com a nossa gente, com a nossa cara.
O que dará sentido à Frente Ampla e Cidadã? O programa e o histórico de compromisso ético, popular e democrático de cada um que vier a compor esta Frente, que precisa ter funcionamento orgânico e ação de largo prazo.
Bases Mínimas para um Programa de Unidade Cidadã:
1. Colocar a política à serviço do povo e do Bem Comum (e não o povo para servir à política). Como elemento chave: a desmercantilização da Política. A corrupção sistêmica é resultado de a política ter se transformado em negócio e a base deste sistema se expressa na própria legislação, que permite a realização destes negócios. Já houve um significativo avanço com o impedimento de financiamento empresarial a candidaturas e partidos, mas ele ainda é insuficiente. Há que estabelecer: a) teto de doações em valores absolutos (e não em percentual de renda, como é hoje); b) que os partidos políticos sejam financiados exclusivamente pelos seus filiados e apoiadores (e não com financiamento público, que perpetua distorções e corrompe o fazer político por vocação); c) que um Partido Político não possa transferir tempo de rádio e televisão para outro, mesmo em caso de coligação e alianças em eleições majoritárias, evitando o mercado de tempo de televisão, d) significativa redução (ao menos em 80% e em todos os níveis da Federação) na nomeação de cargos públicos por indicação político partidária e livre provimento, e que todo cargo público (até para ministro de Estado) venha acompanhado de um Quadro de requisitos e qualificações para sua ocupação, impedindo indicações sem critérios e com objetivos inconfessáveis. Mais que medidas de aparência, como alteração no sistema eleitoral com voto distrital, em lista fechada ou cláusula de barreira, e que só perpetuam o poder dos grandes partidos e seus controladores, estas quatro medidas tem o efeito mudar a lógica do sistema político, tirando o oxigênio que alimenta a política enquanto negócio. Como medidas adicionais, mas igualmente indispensáveis, o fim das coligações proporcionais e da perpetuação dos Diretórios provisórios, que só poderão participar de eleições nas esferas estadual e municipal quando definitivos. E, como medida de coragem e desprendimento, o fim do monopólio dos Partidos Políticos sobre a representação política, permitindo candidaturas independentes, através de Listas Cidadãs e Partidos Municipais, invertendo a lógica da representação a partir do componente comunitário, de baixo para cima, e não mais por aparatos partidários de negócios partidários.
2. Nova Política Econômica. a) Auditoria Cidadã da Dívida Pública (conforme previsto na Constituição e nunca cumprido); b) Alinhamento da taxa de Juros da SELIC ao padrão internacional, próxima ao nível da inflação (atualmente em 4%); c) Utilização de US$ 100 bilhões das reservas internacionais no Brasil (hoje na ordem de US$ 380 bilhões) para a ativação da economia nacional em projetos com alto impacto no emprego e na tecnologia, com bases sustentáveis e distribuídas, como Plano de Moradia Popular e Saneamento Público, Reforma Agrária, Geração distribuída de energia em fontes renováveis, Inovação tecnológica, sempre priorizando investimentos pulverizados e não concentrados; d) Justiça Tributária, com alteração da Tabela do Imposto de Renda, assegurando isenção até R$ 4.000,00/mês e variação progressiva, entre 10% e 40% a partir deste valor, incluindo no IRPF a renda de Capital e Dividendos e demais benefícios indiretos (no Brasil o Imposto de Renda é taxado ao inverso, onerando trabalhadores pobres e a classe média e isentando os ricos – no mundo, apenas a Estônia, ao lado do Brasil, isenta ganho de Capital); IPVA sobre lanchas, iates, helicópteros e jatos executivos (hoje isentos), bem como sobre Mansões e Casas de veraneio em áreas rurais (igualmente isentas ou pagando valores irrisórios, conforme ITR) e elevação de Imposto sobre artigos de Luxo; Imposto sobre Heranças e Grandes Fortunas (acima de R$ 5 milhões); Isenção ou redução significativa no Imposto sobre a Cesta Básica e Medicamentos (não é ético um governo arrecadar sobre a alimentação básica e a saúde de seu povo); fim da Lei Kandir, com a volta da cobrança de ICMS sobre produtos básicos para exportação; e) Reajuste mínimo de 50% no salário mínimo, elevando-o para R$ 1.500,00/mês ou R$ 8,00/hora – ao contrário do que se tenta fazer crer, a elevação do salário mínimo, além de justiça social, amplia a receita do Estado, via ativação da economia e novas arrecadações; f) Redução da Jornada de Trabalho para 40 horas semanais; g) Plano de Obras Públicas nas concessões de Energia (com aterro de fiação e eficiência energética) e Saneamento (com cumprimento da meta de atendimento universal, com abastecimento, coleta e tratamento de esgoto para até 2030); h) Equalização tributária sobre importações (já que tiram empregos de brasileiros, que ao menos paguem impostos justos sobre desequilíbrio cambial, previdência e custos trabalhistas e ambientais, pois não é ética uma concorrência com base na superexploração do trabalho e do ambiente).
3. Seguridade Social (Previdência, Saúde e Assistência Social) e Educação e Cultura são direitos Sagrados. Estes direitos são sagrados, com fonte de recurso garantida na Constituição, porém, há mais de duas décadas, tem havido desvio destes recursos para pagamento de juros exorbitantes a Bancos e rentistas, via DRU (Desvinculação das Receitas da União). O que é mais prioritário? Alimentar a ganância de bancos e rentistas ou assegurar a educação, a cultura, a saúde, a previdência e assistência social para a população?
4. Reforma do Estado com combate permanente à corrupção e serviços públicos de qualidade. Isto é possível uma Administração Pública com justiça e eficiência, porém, o Estado tem sido apoderado por uma lógica política corrupta, baseada no tripé de promiscuidade entre Políticos, Grandes Empresários, sobretudo aqueles com dependência direta do Estado, seus contratos e regulações (Sistema Financeiros, Empreiteiras, Concessionárias de Serviços Públicos e grandes tomadores de empréstimos públicos) e corporações da alta administração pública, incluindo Judiciário e Ministério Público, com elevadíssimos e irreais salários, para além do teto constitucional (via verbas indenizatórias autoconcedidas, ou percentual sobre autuações, no caso de fiscais tributários). Este é um dreno de bilhões de reais por ano (somente com pensões para filhas de militares gasta-se R$ 6 bilhões por ano, com o Judiciário o gasto além do teto constitucional é na mesma ordem). Medidas Imediatas: a) Teto salarial é Teto não podendo haver vencimentos para além do previsto na Constituição; b) reorganização salarial, valorizando funções de atendimento direto à população (como profissionais de saúde e educação) e plano de carreira que evite salários iniciais fora da realidade nacional (quem quer ficar rico que vá para a iniciativa privada); c) reorganização do Pacto Federativo e da Gestão Pública, visando a eficiência e controle social, fortalecendo contratos locais e compras com empresas de menor porte, e estabelecendo Índice Nacional de Custos para compras e contratações públicas, servindo de trava para identificação de desvios; d) fortalecimento de operações de combate à corrupção como a Lava-Jato e que estes processos sejam realizados com independência, sem espetacularização, abusos e seletividade, atingindo todos os implicados de forma isonômica, e que o Estado seja plenamente ressarcido pelos danos e as empresas envolvidas sejam declaradas inidôneas e impedidas de celebrar contrato com o Estado, devolvendo, inclusive, suas concessões de serviços e direitos sobre contratos e financiamentos.
5. Direitos da Natureza e povos tradicionais. A Mãe Terra como sujeito de direitos, assegurado na Constituição, o direito dos animais, das plantas, das florestas, das águas, do solo e dos minerais. Isto implica em mudanças Políticas Energética, Mineral e Agrícola. Belo Monte e as MegaUsinas do Madeira já foram feitas e o estrago já aconteceu, cabendo mitigar ao máximo os seus danos ambientais e sociais, que são muitos, mas é possível evitar as Usinas no Tapajós, ao menos isso. O mesmo em relação à extração mineira, que deve evitar os megaprojetos de exploração intensiva (como com as barragens de Mariana, que destruíram o rio Doce) e toda extração mineral e de hidrocarbonos deve vir acompanhada de cuidado com o meio ambiente e industrialização no Brasil, fortalecendo a tecnologia nacional e agregando valor no país, afinal, colheita de minério só acontece uma vez. Produção agrícola sustentável e saudável, com menos veneno e mais produção orgânica e agregação de valor. Medidas: a) transição do modelo energético, visando sua sustentabilidade, com geração distribuída e fontes renováveis e não poluentes; b) Novo código mineral, com parâmetros para a extração, controle nacional e arrecadação justa para o Estado (em relação ao Nióbio e Minério de Ferro existe uma verdadeira expropriação do público para o privado); c) transição para um modelo agropecuário ecológico e social e ambientalmente justo; d) preservação e recuperação dos rios e fontes de água (incluindo grande programa de revitalização da bacia do São Francisco) e das florestas; e) criação do Fundo para Transição Energética e Agroecológica, financiado com a taxação sobre fontes de energia poluentes e de alto impacto ambiental e sobre agrotóxicos e transgênicos; f) pagar as dívida histórica com os povos indígenas, quilombolas e tradicionais, com Demarcação já de todas as suas terras.
6. Cultura, Diversidade e Democracia. Há que frear a espiral de ódio, intolerância e vulgarização que está crescendo no Brasil. E, para tanto, há só um caminho: mais Cultura e Arte, mais respeito à diversidade e mais Democracia. Este é o caminho da pacificação do pais, do combate à violência e agressões de todo tipo e por isso diz respeito à própria Segurança Pública. Medidas: a) Desmilitarização das Polícias e sua Unificação; b) Sistema Policial, Judiciário e Carcerário com medidas justas, caráter preventivo e tomada ágil de resolução de conflitos, com mediação e penas alternativas, reduzindo políticas de encarceramento e punições desumanas; c) recuperação da política cultural iniciada no Brasil em 2003, fortalecendo processos de identidade e diversidade cultural, com arte, autonomia e protagonismo como fontes de processo civilizatório nacional; d) fortalecimento de um Sistema de Comunicação efetivamente público, não estatal, democrático e diverso; e) fortalecimento da polifonia na comunicação, com mídia livre e alternativa aos monopólios, manipulações e censura promovidos pelos oligopólios da mídia privada; f) fortalecimento de processos democráticos pela base, com intervenção no território, em processos diretos de participação cidadã.
Para um começo de conversa, precisamos explicitar um programa para unir os brasileiros e brasileiras, de forma inteligível, acessível e justa. E que seja para já, pois não há mais tempo a perder!