"É livre a locomoção no Território Nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens".
Pois, utilizando o pensamento de Marcel Mauss, em sua obra Ensaio Sobre a Dádiva, nada é dado a alguém, sem que haja seu devido retorno. Ou seja, ao votarmos em pessoas para ocuparem cargos administrativos, alem dos impostos por nós pago, imaginamos e, desejamos que o mesmo retorne da melhor forma possível. Por tanto, o minimo que cidadãos, em pleno uso de sua condição democrática e de contribuinte espera do poder publico, é justamente que serviços básicos como os já citados aqui chegue de forma rápida e eficaz.
Tal ação, que superficialmente parece ser algo antipático, pois visa dificultar por algumas horas a passagem de pessoas, em seu único dia de laser, a uma das poucas localidades que podem proporcionar justamente este momento.
Por tanto, é natural que as pessoas posicionem-se contra esta ação. Mas, as pessoas que não vivem o cotidiano de nosso bairro e, que o utilizam somente como sua fonte de diversão, precisam saber que aqui moram milhares de pessoas, trabalhadoras, estudantes, produtores e empresários; e todos no dia-á-dia, passam sacrifícios que não combinam com a imagem de paraíso que os visitantes imaginam.
Então, se ao longo dos anos, especificamente os últimos 4 mandatos municipais, onde o mesmo grupo politico está na direção do município, somados ao desgoverno estadual, que sucateia a Brigada Militar, alem de outros serviços, parcelando salários já considerados baixos diante da complexidade de suas funções e, ainda sobre um impacto ainda inicial de corte de investimento federal por 20 anos nas áreas mais essenciais; parece-me que só participar de reunião e audiências não ira resolver de fato nossos problemas. Embora não possamos deixar de participar das mesmas.
Ora, se o Laranjal é um bairro com dimensão geográficas, populacionais e até econômicos superior a de outros municípios. Se o mesmo é um grande potencial na geração de emprego e renda e, possivelmente uma grande possibilidade de desenvolver toda a região, não só por turistas na alta temporada, mas, também pelo turismo esportivo, ecológico, pesqueiro entre outras possibilidades. Não faz sentido aceitarmos de braços cruzados os descasos, as migalhas e as medidas paliativas que nos são oferecidos a cada reunião e audiências.
O crescimento do Bairro Laranjal, como um grande polo gerador de recursos, não só é bom para Pelotas, como para toda a região. Pois, precisamos nos desprender do passado industrial e glorioso do passado, e construirmos um novo modelo de desenvolvimento, que pare de esperar a instalação de grande empresa do ramo industrial, e apostarmos em alternativas contemporâneas.
Então, se acreditamos nesta potencialidade, não podemos nos abster do debate, e precisamos chamar a responsabilidade pela cobrança da efetivação deste processo, ou seja, precisamos nos tornar agentes da participação efetiva da construção de um Bairro melhor.
Diante do exposto, o Direito de Ir e Vir, que inicialmente parece caótico e egoísta, ao pensarmos na interrupção de trafego por 3 horas na ponte de acesso ao Bairro Laranjal, para pedir por mais seguranças em nossas casa, empresas e nas ruas, parece quase que nada se compararmos com o nosso DIREITO DE IR E VIR cotidiano, ao qual somos privados diariamente.
O que é o direito de ir e vir de 3 horas, diante do constante medo que temos de transitar em nosso bairro? Vivemos um momento de verdadeiro terror. Temos medo de ir trabalhar, pois no ponto de ônibus ou dentro do mesmo poderemos ser assaltados. Temos medo de ir no armazém do bairro, pois, podemos ser assaltados no trajeto, ou então dentro do estabelecimento. Ao levarmos nossos filhos a escola, o medo de alguém nos interceder e de colocar a vida de nossos filhos em risco é cotidiano. Ou seja, onde esta a maior necessidade do direito de ir e vir?
Isso sem contar outras circunstancias, pois, onde esta o nosso direito de ir e vir em dias de chuvas, quando varias ruas ficam alagadas? Como ficam nosso direito de ir e vir, se no posto de saúde local onde não temos ginecologistas e falta médicos para dar conta da demanda populacional do bairro? Onde esta nosso direito de ir e vir quando não temos vagas o suficientes nas pré escolas e na educação como um todo, capaz de suprir a necessidade não só das nossas crianças, mas também dos pais e mães que não tem onde deixar seus filhos para ganhar o pão nosso de cada dia.
Se reuniões e audiências não estão dando o resultado que almejamos, precisamos avançar, precisamos revolucionar, e para isso, não podemos nos apegar em pequenos obstáculos diante da importante tarefa que temos pela frente. Por tanto, o que é uma simples interrupção diante da tamanha luta que teremos de vencer se queremos melhorias reais para o nosso Bairro?
Todos juntos, na luta por um Laranjal melhor.
Parabéns pelo texto e as argumentações, Chris. Ainda continuo na opcao de não fechar ponte, pq me remete aos movimentos dos MST, que sou tão contra, mas te entendo, e aos que irao no movimento...o bairro esta de mal a pior,mas o país como um todo está entregue à insegurança. Sou a favor de incomodar na prefeitura, na Câmara... Tenho tempo,mas daí os que trabalham não poderiam, dia de semana. É um impasse.
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