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sábado, 20 de agosto de 2016

Bolinha de Gude

Folhando algumas paginas e algumas postagem, acabei achando esta a qual me identifiquei muito.... embora eu jogasse muito Mau, gostava de jogar as brincas é verdade.... pois quem não tinha habilidade acabava perdendo tudo.... Este Poema me remeteu a um momento lindo de minha vida, o convívio com amigos que hoje pouco tenho noticias.... bateu uma nostalgia alegre.... e me peguei  rindo sólito....

Uma conclusão.... vou comprar as bolinhas de gude para o Carlos.... e ensina-lo a jogar..... não que eu acho que poderia dar a melhores dicas.... mas poderei fazer com ele o que nunca pude fazer com meu pai.... 

Lembro que ganhei muitas bolinhas de um vizinho.... Sr Helmute... "acho que era assim o nome dele"... um senhor que se perdia na bebida, mas que me ensinou varias brincadeiras.... mas também me levou todas as bolinhas jogando as ganhas.... que trauma... kkkkk

Abaixo segue o Poema.... e apos o poema o link da postagem original.... do qual indico a leitura....

Se gostou.... comente..... 

Chris DS



BOLINHAS-DE-GUDE

Folhei o diário do tempo
E, outra vez, me fiz menino.
De mãos dadas ao destino,
Caminhei de pés no chão,
Calça curta, mongolão,
Tive a infância que sonhei…
De tudo um pouco brinquei.
Embora esperto, era rude,
Mas com bolinhas-de-gude,
Fiz de um jogo, diversão.
Pareço me ver mirando,
Em prosa e verso acertando,
No imba do coração.
Sempre ia com meu pai,
Fazer compras no armazém
E limpava os meus vinténs
Da barriga de um porquinho,
Pra comprar balas “Mocinho”,
Puxa-puxa e pirulito.
Mas tinha um vidro maldito,
Que me ofuscava a visão
Bem na frente do balcão.
Eram cristais nos meus sonhos…
Só o meu velho percebia,
Me olhando, o troco pedia:
Dá, em bolinhas, ao medonho!
Jogo às ganhas; não às brincas”:
Gritava um seco, exibido
E o terreiro, bem varrido,
Ficava todo riscado,
Com gaias por todo lado.
E a turma do “deixa disso”
Desmanchava os reboliços…
No ponto, a repetição:
Falei primeiro - ultimão!
Não dou arredo na minha.
Quero meça ou dou levante
Pediu luz: um palmo adiante.
Não vale cú-de-galinha!
Os jogos, como esquecer:
Triângulo, tão conhecido,
O imba - mais aguerrido,
Tinha a cobra, o rapeluz,
A barca, a xanta e a cruz.
Depois, as mãos encardidas
E as roupas todas puídas…
Chegando em casa, o sermão,
O tabefe e o beliscão,
Mas, sendo mãe, não há dor.
Quantas lições de bondade,
Ao lembrar me traz saudade,
Aquilo, sim, era amor!
Das “bolitas”? Se me lembro,
Num saquinho bem guardadas,
Eram de vidro, rajadas,
Constelações coloridas.
Sempre a minha preferida,
Foi a esfera de um trator,
A “jogadeira” - um terror,
Quando tilintava em cheio,
Partia as outras ao meio.
E o chão da infância se foi…
O bigico, era a menor.
O bochão, sempre a maior.
Ah! Meu lindo olho-de-boi.
Eu sempre serei criança
Porque vivo de passado,
Com meus tesouros guardados
Lá no galpão da saudade.
Feitos por mim, de verdade:
Bola-de-meia, piões,
Pernas-de-pau e botões,
Arco-de-arame, bodoque
Carrinhos: Tinha em estoque.
Por fim, revelo um segredo:
Que as bolinhas-de-gude,
Terão a eterna virtude:
O “melhor” dos meus brinquedos!

Prof. Gilfredo R. Renck